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junho 26, 2011

Amores Expressos

Título: Amores Expressos / Chungking Express / Chong qing sen lin
            1994, Wong Kar Wai
           Drama, Romance, China

I've fallen out of love too. I usually go jogging to get sweaty, so that I have no more water for tears.



E quem haveria de dizer que numa agitada, super populada e confusa Hong Kong poderiam existir dois policiais que estão à mercê da solidão? Pois existem e são mais conhecidos como 233 e 663. 

Amores Expressos é dividido em duas partes, cada uma contando a história de cada policial que, ao contrário do que se costuma, não chegam a se encontrar ― mesmo tendo o mesmo sofrimento, a mesma profissão e o mesmo cenário cotidiano.

O primeiro conto é de 233 (ou He Qiwu), que está definhando com o término de seu namoro e se mostra bastante relutante em aceitar este fato. Ele ainda liga para a casa dela, como se nada houvesse acontecido, papeando com um ou outro membro da família. Tenta imensamente se enganar achando que ela pede ajuda de intermediários para saber se ele está bem. Com esperanças infindáveis que ela lhe dê sinal de vida, acabou tornando-se escravo do seu pager e dia após dia, vai esperá-la em uma lanchonete depois do trabalho. Ainda assim, nem sinal de May. Por sua vez, Qiwu acredita que para tudo na vida há um prazo de validade. Sendo assim, resolveu dar-lhe trinta dias para as coisas se resolverem – ou não. Para marcar este período, todos os dias ele compra abacaxi enlatado com a data de validade para o dia primeiro de maio. As latinhas são por causa dela ― que adora abacaxi; e a data por causa dele ― seu aniversário.

Já no segundo conto, temos a história de 663 que também remoe o fim do namoro com uma aeromoça. Este é um caso mais íntimo, de alguém que, claramente, não divide suas emoções por aí. Só notamos seus verdadeiros sentimentos quando ele está sozinho, ora falando com objetos inanimados, ora fazendo trajetórias com um avião de brinquedo. Contudo, ele está tão absorto em seu próprio sofrimento que não nota singelas mudanças em seu apartamento e nem os olhares que vive recebendo da garota da lanchonete.

Ainda não assisti a todos os filmes do diretor, mas acho difícil que algum outro me encante mais que esse ― mesmo com Amor à Flor da Pele tendo estado bem perto. Este é um filme de visão ímpar sobre o amor (marca de WKW) e fluxo de sensações, seja pelo jogo da câmera, principalmente no início; pelo efeito das cores ou pela a musicalidade sempre presente em seu melhor gosto.

Além do mais, conta com intimidade extrema como um relacionamento pode mexer com uma pessoa. As cenas mais marcantes neste sentido acontecem com o policial 663, como quando nutre esperanças da namorada estar escondida dentro do armário, uma velha brincadeira, ou ainda quando chega a seu apartamento e o encontra totalmente alagado, chegando a achar que o imóvel também chorava pela perda dela.

Mais do que tudo, em Amores Expressos fica claro que o amor está muito além das palavras, do romance comum ou de qualquer expressão física. O amor, na verdade, consiste no cuidar do outro, no se importar e estar presente.

Extra! – Se as portas do ocidente para o cinema de WKW foram abertas, esse fato se deve a Tarantino, que comprou os direitos do filme e o lançou, em DVD, nos Estados Unidos.



Um comentário:

  1. Aparentemente o filme parece ser muito bom. É bom ver o cinema asiático vir se recuperando e voltando a ser o que era quando tínhamos Akira Kurosawa... Torço imensamente para chegar amanhã na locadora e encontrar ele disponível (algo raro na home vídeo brasileira quando se trata de cinema arte independente...).

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