Título: Mamãe Küsters Vai Para O Céu / Mutter Küsters Fahrt Zum Himmel
1975, Rainer Werner Fassbinder
1975, Rainer Werner Fassbinder
Esta foi realmente a nossa vida? Eu não sei.
Nas profundezas do vale, tudo o que pode-se ver
são as montanhas. Mas no topo de uma montanha
vê-se muitos outros vales e montanhas.
Rainer Werner Fassbinder foi certamente a figura chave do Novo Cinema Alemão – movimento que se deu na Alemanha entre as décadas de 60 e 80 que visava resgatar o cinema Alemão, em baixa desde o desfecho da Segunda Guerra Mundial. Com uma energia aparentemente infindável, ele dirigiu 44 filmes em 16 anos, e mesmo que todos estes filmes não sejam propriamente brilhantes, ele construiu uma obra digna de atenção e estudos.
Mamãe Küsters Vai Para O Céu surgiu na que talvez tenha sido a fase mais louvável do diretor, ou, pelo menos, a que o rendeu o sucesso internacional. Neste filme de 1975, Fassbinder desenvolveu uma crítica ácida tanto à mídia sensacionalista quanto aos Partidos políticos que naquela época já começavam a cair em um comodismo que atualmente consideramos habitual.
O filme é iniciado com uma cena que exala rotina, Emma Küsters (Brigitte Mira, O Medo Devora A Alma), uma senhora de meia idade, prepara um cozido para o seu marido que está para chegar do trabalho enquanto conversa coisas banalíssimas com sua nora (Irm Herrman, O Mercador Das Quatro Estações) e seu filho (Armin Meier, Roleta Chinesa), que moram com ela. Logo após ficamos sabendo, junto a estes personagens, que o marido de Emma nunca chegará em casa, pois assassinou o filho do seu patrão e se matou na maquinaria da fábrica em que trabalha.
O que se dá a partir daí é uma série de infortúnios com a pobre Emma Küsters, que é abandonada pelos filhos, usada pela mídia, e enfim, explorada por um casal de comunistas e um grupo de anarquistas, que usam o feito do seu marido como ato de rebeldia proletária.
Brilhantemente fotografado no consagrado estilo Kitsch do diretor, e contando com os melhores atores do elenco habitual usado nos seus filmes (só faltando a Hanna Schygulla), Mamãe Küsters Vai Para O Céu se desenrola entre o trágico e o satírico, um mecanismo sádico que simultaneamente nos faz rir e sentirmos pena da pobre Mamãe Küsters enquanto o seu mundo vai abaixo. Um Fassbinder essencial.
Extra! – O filme foi banido do Festival de Berlim por ter sido considerado uma crítica demasiadamente mordaz e controversa ao socialismo liberal e o sistema político Alemão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário